09 dezembro, 2015

Filme (Documentário) - A Filha da Índia

Título: Índia's Daughter
Lançamento: 9 de março de 2015 (Nova Iorque)
Elenco: Badri Singh, Mukesh Singh, Jyoti's Mother Asha Devi
Direção: Leslee Udwin
Duração: 1h 3m
Gênero: Documentário
Sinopse: Um grupo de seis homens estupra uma mulher de 23 anos anos em um ônibus, em dezembro de 2012 em Nova Déli, e dias depois ela morre no hospital por graves ferimentos internos. Indignadas pela violência, mulheres do país inteiro vão às ruas protestar, mobilizando uma onda mundial de aversão a tal ato. Entrelaçada com a história, as vidas, valores e mentalidades dos estupradores com quem a cineasta teve acesso. Uma reflexão sobre a sociedade e seus valores que geram tais atos violentos e um apelo otimista para uma possível mudança.

Ontem aqui na minha cidade foi feriado e eu liguei a Netflix já querendo assistir a um documentário. Já tinha lido a sinopse em outro dia e já tinha colocado na minha lista para assistir algum dia e ontem resolvi que era hora de conferir esse documentário. Logo no início quando um dos condenados dá entrevista e diz que a mulher é culpada por ser estuprada quase que desliguei tudo, gente eu fiquei muito revoltada com esse documentário, queria sair chutando a bunda de homens que pensam isso.

O documentário fala sobre uma garota indiana que foi estuprada por 5 homens dentro de um ônibus, ela tinha acabado de terminar o curso de medicina. O depoimento dos pais é muito sensibilizante, eles falam o quanto se sacrificaram para poder pagar os estudos da filha, a mãe conta que na Índia quando nascem filhos homens as famílias fazem uma grande comemoração e ela conta que quando Jyoti nasceu eles comemoraram muito, pois para eles o sexo da criança não importava, o que importava era ter realizado o desejo de ter um filho.

Alguns depoimentos são revoltantes, pois tem pessoas que acreditam que ela foi a culpada pelo estupro, na noite fatídica ela saiu com um amigo para ir ao cinema e muitos alegam que as mulheres na Índia só saem no início da noite quando é realmente preciso e sempre acompanhadas por um parente (mãe, pai, tio,...) e dizem que por ela estar com um desconhecido não merecia respeito.

Mukesh Singh, um dos condenados pelo estupro coletivo
Palavras de Mukesh, motorista, 28 anos, condenado por estupro, sexo anômalo e assassinato:
Uma mulher decente não andaria por aí, à noite. A mulher é muito mais responsável pelo estupro do que um homem.
Homens e mulheres não são iguais. A mulher deve fazer o serviço da casa e não ficar por aí, em boates e bares à noite fazendo coisas erradas e usando roupas erradas.
Em muitas passagens do documentário fica claro a questão de que os homens estão acima das mulheres, alguns contam que em famílias que tem filhos homens e mulheres, as mulheres tomam menos leite, muitas vezes são as últimas a se alimentarem, o que dá para ver é que independente da cultura de um povo, os homens acreditam que tem o direito de tratar as mulheres como um simples objeto, até quando as mulheres serão tachadas como culpadas por causa da roupa que usa, os lugares que frequenta?

Um dos estupradores é menor de idade e por isso não foi condenado à morte, os outros quatro foram condenados à morte por enforcamento. A mãe de Jyoti levanta a questão de que as meninas podem casar com 12 ou 13 anos e porque um jovem com 15, 16 anos que comete um ato como o que cometeu não pode ser punido, isso é realmente revoltante.


Palavras do pai de Jyoti:
Para um pai que deixava a filha dormir sobre ele que a abraçava e brincava com ela que segurou o dedo dela e ensinou a andar, acender com as próprias mãos o fogo para cremá-la foi muito difícil. Foi o mais difícil. Quando lembro esse momento não consigo falar. As palavras não saem.
No final do documentário podemos ver o número de estupros e denuncias em vários lugares do mundo e isso fica claro que não é algo que acontece somente na Índia, mas uma realidade mundial. As mulheres tem que continuar denunciando, tem que fazer sua voz ser ouvida e continuar lutando para que a cultura jovem consiga mudar essa realidade.
Palavras do advogado de defesa após a sentença:
Se minha filha ou irmã se envolvesse em atividades pré-conjugais e se desgraçasse ou se permitisse perder o rosto ou as feições por fazer tais coisas eu levaria essa irmã ou filha ao meu sítio e diante da família jogaria gasolina nela e a deixaria em chamas.
Vale muito a pena assistir esse documentário, precisamos parar para pensar mais sobre o assunto, precisamos conversar mais sobre isso.


Termino esse meu texto com a citação de Leila Seth, membro da comissão de revisão sobre o estupro, que deixa uma mensagem de esperança de que tudo pode sim um dia ser diferente.
As coisas vão mudar. É só uma questão de fazermos mais pressão. E se os jovens pressionarem, nós vamos conseguir. Leila Seth

5 comentários

  1. Nossa que forte esse documentário, já estou revoltada e indignada antes mesmo de assistir, mais não tem como não ficar porque a gente vivi num mudo totalmente machista e quando a gente acha que em um lugar as coisas são ruins para as mulheres a gente se depara com historias assim e descobre que em outros lugares a coisa pode ser ainda pior, todas essas questões sobre os tratamentos privilegiados que a família dão para os filhos e a desumanidade que fazem com as filhas me causa uma revolta gigantesca, e eu me pergunto até quando vamos vai existir isso? É triste saber q muito antes de eu nascer essas questões já eram discutidas e irei morrer e ainda vendo a mulher sendo tratada como inferior aos homens. Mas sei que precisamos continuar lutando e se mantende firme contra todo e qualquer tipo de opressão.
    Bjocas!!

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  2. Lizi, estou extremamente revoltada, como pode ainda existir países com essa mentalidade e preconceito gigantesco, não consigo nem me expressar.
    Essa semana vi um comentário feminino que a culpa é das mulheres, serio, se pudesse, dava uns tapas na cara dessa pessoa, nossa, toh muit revoltada mesmo nem sei se conseguiria ver o filme, é capaz de passar mal, mas vale pela indicação, quando alguém me perguntar sobre fatos e luta, sei qual indicar.

    Bjsss

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  3. O Oriente é cruel, mas infelizmente estupro acontece em toda parte do mundo, não é uma coisa muito fácil de ser mudada. É uma coisa muito alastrada, sabe?
    Triste isso!
    O documentário parece bem forte.

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  4. Gosto muito de documentários, mas não sei se consigo assistir esse. Essas coisas mexem muito comigo,na verdade, acho que com todas as mulheres.

    Esse negócio da inferioridade da mulher é escrachado no oriente, aqui é velado. Infelizmente as mulheres passam por coisas terríveis, simplesmente por serem mulheres.

    Já ouvi gente, "educada", "estudada", "de família", proferir essas barbaridades que você relatou no documentário.

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  5. Lizi!
    Realmente revoltante, principalmente em um país onde a 'espiritualidade' se diz tão desenvolvida.
    As mulheres pelo mundo tem conquistado seu espaço e viver como essas indianas vivem, é uma submissão sem limites, totalmente degradante e revoltante.
    “E que não somente o Papai Noel esteja presente, mas principalmente o motivo pelo qual o Natal existe: JESUS!” (Tamy Henrique Reis Gomes)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participem do nosso Top Comentarista de Dezembro, serão 6 livros e 3 ganhadores!

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